agosto 28, 2006

"O homem-urso"

(Grizzly Man, 2005 - Werner Herzog)
140 horas de gravações durante 13 anos da vida de um ecologista (?) obcecado por proteger a vida dos ursos pardos do Alaska viraram um documentário interessantíssimo através do olhar de Herzog. Mais do que mostrar a luta ambiental, o diretor acaba por nos apresentar uma pessoa em busca de si mesmo, de um sentido para sua vida. Por sabermos do destino trágico que essa aventura significou para o protagonista, as cenas do seu contato com os ursos - logo no início do filme - converteram-se em pura tensão para mim. Ficava sempre pensando que o ataque seria naquele momento. Pontos para a montagem. No finalzinho, o filme parece se repetir um pouco - mas nada que tire o brilho da narrativa.

"Pergunte ao pó"

(Ask the dust, 2006 - Robert Towne)
Salma Hayek já havia me ganhado em "Frida", mas Collin Farell ainda não tinha me mostrado a que viera. Nesse filme, baseado no romance de John Fante, o moço surpreende ao fazer um escritor pobretão, em início de carreira, que tenta a sorte na Los Angeles do anos 30. A crise econômica que assola os Estados Unidos parece ter atingido também sua criatividade. Vivendo num quarto de hotel barato, a inspiração só se manifesta depois que ele conhece uma linda garçonete mexicana. Temos então dois personagens marginais que se unem, cada um buscando sua própria verdade, enfrentando medos, preconceitos, desconfianças para construir uma história, algo que seja mais do que papel e tinta. Algumas situações são óbvias, mas o resultado é bacana.

"Click"

(Click, 2006 - Frank Coraci)
Para mim, seria só um besteirol com um controle remoto universal no papel de protagonista e o Adam Sandler no de coadjuvante . Mas tem também a bela Kate Beckinsale, o competente Christopher Walken e o "hobbit" Sean Austin. Como não fui esperando nada além de umas boas risadas, saí no lucro. Porque uma guinada no ritmo do filme - que quase o transforma num dramalhão - me pegou de surpresa. Tá bom, não vai ser o filme da vida de ninguém, mas... me fez refletir um pouquinho sobre o que estou fazendo da minha.

agosto 16, 2006

"Promessas de um novo mundo"

(Promises, 2001 - Justine Arlin, Carlos Bolado e B.Z. Goldberg)
7 crianças, 7 ódios, 7 vidas distintas, 7 possibilidades, 1 encontro e 1 milhão de chances para a paz. "Promessa de um novo mundo" é um brilhante documentário sobre os conflitos entre palestinos e israelenses a partir do ponto de vista mirim. Os garotos repetem o discurso dos pais, cheio de rancor e desejos de vingança. Até que o diretor B.Z. propõe um encontro entre eles num campo de refugiados palestinos. Uns aceitam, outros não. O encontro é o grande momento do filme, um inusitado aceno para a paz, quando os meninos são apenas o que são: crianças brincando, lanchando, jogando futebol, sorrindo, falando, chorando... Seja pelo que revelam ou pelo que escondem, todas as cenas desse encontro são absurdamente tocantes. A da despedida, então... Já no finalzinho do filme, noutra seqüência forte, o diretor conversa com os garotos 2 anos depois: uns sonham com o reencontro; outros já perderam toda a esperança de paz e alguns estão ainda mais radicais. Quando subiram os créditos, eu já não conseguia ler nada.

agosto 08, 2006

"Zuzu Angel"

(Zuzu Angel, 2006 - Sérgio Rezende)
A história de uma mãe que enfrenta os militares no Brasil em busca do filho morto já dá um argumento e tanto. Mas o despertar dessa mulher para a realidade que fustigava o país não é menos interessante. De costureira e estilista famosa (com carreira internacional), ela transforma-se numa guerreira disposta a expor à luz o que escondem na escuridão dos porões da ditadura. Gostei das atuações de Patrícia Pillar e Daniel de Oliveira. E "Zuzu Angel" tem - pelo menos - duas cenas memoráveis: uma em que a estilista surge de luto na passarela de um desfile exibindo a foto do filho desaparecido; outra em que ela procura um sapateiro para fazer um desabafo (o desfecho desse encontro é a prova de que uma imagem fala mais que muitas palavras). Detonaram muito a participação da Luana Piovanni no filme. Discordo. Talvez esperassem muito dela, afinal encarnar a Elke Maravilha é o sonho de muita atriz. Mas o roteiro não dá tanto destaque à personagem não. Desnecessário dizer que acompanhar os créditos ao som de "Angélica" - que Chico Buarque compôs para a protagonista - é outro momento emocionante.

"Violação de domicílio"

(Private, 2004 – Saverio Costanzo)
Família palestina tem sua casa invadida por soldados israelenses, que a transformam num QG, submetendo os moradores a regras e proibições absurdas. Expanda o universo desse filme - baseado em fatos reais - para fora dos limites daquele lar e fica mais fácil entender o absurdo desse conflito que está em todas as capas dos jornais atualmente. Impressionante, inquietante, provocador e imperdível.

"Simplesmente amor"

(Love actually, 2003 – Richard Curtis)
Já perdi a conta de quantas vezes vi esse filme. Tirando a história do primeiro ministro, todas as outras são primorosas (sendo que a do escritor e da empregada portuguesa é a que mais me toca; a da personagem de Emma Thompson também é espetacular: aquela cena em que ela sobe para o quarto após receber um cd da Joni Mitchell de presente de Natal é digna de prêmio). Mas vou me lembrando de tanta coisa bacana que seria injusto mencionar uma em detrimento da outra. Paro por aqui.

agosto 07, 2006

"Um dia para relembrar"

(Two bits, 1995 – James Foley)
Encontrei esse filme numa daquelas pilhas de dvd em promoção. Com Al Pacino no elenco e uma sinopse que - guardadas as devidas proporções - evocava o amor à sétima arte de "Cinema Paradiso", acabei levando-o para casa. É uma pequena fábula que mistura infância, amor e cinema numa história ingênua e encantadora.

agosto 04, 2006

"Superman - O retorno"

(Superman returns, 2006 – Bryan Singer)
Acho que encontraram o ator com o carisma do Reeves para encarnar o Homem de Aço. Quanto ao talento do rapaz, ainda é preciso ver outras coisas para me convencer. No entanto, esperava mais de Singer nesse retorno do Super-Homem: o hiato de 20 anos desde o último filme do herói de Krypton e a necessária apresentação dele para as novas gerações não justificam um roteiro tão insípido.

"O libertino"

(The libertine, 2004 – Laurence Dunmore)
O filme começa com um Johnny Depp surgindo da penumbra e enchendo a tela com a desfaçatez de seu personagem - um conde da corte inglesa do século XVII - que instiga o público a odiá-lo por suas falas e atitudes abjetas. Ele é um gênio literário, sedutor contumaz e provocador doentio, o que lhe rende prazeres e - claro! - muitas dores também.

"Amor, sublime amor"

(West side story, 1961) – Robert Wise & Jerome Robbins)
Um Romeu-&-Julieta com gangues de rua, colocando norte-americanos e latinos em campos opostos. Vencedor de inúmeras estatuetas do Oscar, continua prendendo a atenção. Adoro a seqüência de "America", cuja ironia da letra torna a coreografia ainda mais interessante. Temos Natalie Wood novinha e Rita Moreno como um verdadeiro furacão no filme, com interpretação e sex-appeal arrebatadores.

"Trinity é o meu nome"

(Lo chiamavano Trinità, 1970 – Enzo Barboni)
Reassistir a um filme que vi em tantas "sessões da tarde" foi legal. Corretíssimo dentro do universo do western spaghetti.

"Guerra e Paz"

(War and peace, 1956 – King Vidor)
Épico baseado em Tolstói com história instigante e elenco acertado. O filme gira em torno das relações e reações pessoais numa Rússia que luta para não perder seu território para Napoleão Bonaparte. Audrey Hepburn está deslumbrantemente linda.

"O diabo riu por último"

(Beat the devil, 1953 – John Huston)
Trapaças envolvendo terras ricas em urânio colocam 8 pessoas - de índoles bem duvidosas - num navio rumo à África. Filme mediano do grande Huston com Humphrey Bogart.

"As neves de Kilimanjaro"

(The snows of Kilimanjaro, 1952 – Henry King)
Gregory Peck pouco inspirado no papel de um escritor ferido no meio de um safári, relembrando seus amores e desilusões.