julho 18, 2008

"O escafandro e a borboleta"


(Le escaphandre et le papillon, 2007 - Julian Schnabel)
Pode não ser o título mais bacana da história do cinema, afinal a palavra “escafandro” causa uma certa estranheza no primeiro momento. Mas após assistir ao terceiro longa do diretor Julian Schnabel (os anteriores foram “Basquiat - Traços de uma vida” e “Antes do anoitecer”), chega-se à conclusão de que não há substantivos mais apropriados para nomear essa história de solidão e superação em que o peso e a clausura do corpo contrastam com a leveza e a liberdade do pensamento.
Jean-Do Bauby, interpretado com segurança e carisma por Mathieu Amalric, é um profissional conceituado (editor da revista Elle) que, após um acidente vascular cerebral (AVC), perde todos os movimentos corporais, menos os do olho esquerdo. Apesar da gravidade do caso, conhecido como “Síndrome do Encarceramento”, os médicos estão esperançosos, já que o cérebro segue funcionando perfeitamente. A partir dessa constatação, uma equipe de fisioterapia e fonoaudiologia aceita o desafio de criar um método de comunicação que possa acabar com aquele isolamento.
Como “O escafandro e a borboleta” é baseado em um livro de memórias, deduz-se não apenas que o desafio foi vencido, mas que o jornalista conseguiu ir muito além: escrever uma autobiografia usando apenas o piscar de um olho para soletrar as palavras é (quase) inacreditável. E mais impressionante ainda é a quantidade de pensamentos e descobertas que o campo de visão daquela retina passam a suscitar. Aqui, há que se destacar a brilhante adaptação de Ronald Harwood, pois com todos os elementos para criar um drama choroso, o roteiro de “O escafandro...” foge das lágrimas. Emociona sim, sem deixar, no entanto, de revelar o humor e a ironia que permanecem gritantes na vida do personagem central.
No início da projeção, vemos as imagens a partir do ponto de vista (monocular) do paciente, que acaba de sair de um coma. Esse recurso permite que a fotografia de Janusz Kaminski brinque com texturas e cores, explorando ambientes e rostos fora de foco, em enquadramentos “imperfeitos” e inusitados. É interessante a maneira como os coadjuvantes tiveram que atuar, com a cara praticamente colada na lente da câmera, posição imprescindível para interagir com o olhar de Jean-Do.
Os primeiros minutos do filme encerram o espectador nesse universo claustrofóbico do “escanfandrista”, como se quisesse que o seu dilema fosse vivido por quem assiste. Para garantir essa imersão, durante a meia hora inicial, nenhuma trilha incide sobre as cenas, não deixando margem para os devaneios e escapatórias a que a música é capaz de levar. Mas a monotonia cênica logo dará lugar a outros ares fora do ambiente hospitalar. Porque se o corpo do protagonista está preso, sua mente voa solta, resgatando o passado através de flashbacks que reconstroem a trajetória pré-AVC e mostrando imagens que ele inventa a partir dos desejos que ainda vivencia. Assim, memória e imaginação criam o trapolim para que o espectador mergulhe nas qualidades e defeitos desse homem que já foi casado, é pai relapso e filho afetuoso. Aliás, as cenas com (o velho e bom) Max von Sydow são brilhantes. E o elenco feminino - capitaneado pelas atrizes Emmanuele Seigner (ex-esposa), Marie-Josée Croze (fonoaudióloga) e Anne Consigny (assistente de redação) - também é responsável por muitos momentos emocionantes.
Não apresentar o jornalista como mocinho nem coitadinho é outro grande trunfo desse trabalho de Julian Schnabel. Por isso e também pelo fato de apenas o público conhecer os pensamentos de Jean-Do, há uma aproximação e identificação imediata com as situações e sentimentos retratados na tela, o que torna bem fácil entender porque um escafandrista pode voar.
Em tempo: o filme - que começa com a clássica “La mer”, na voz de Charles Trenet - termina com a belíssima “Green Grass”, interpretada por Tom Waits. Mas só vai ouvi-la quem ficar acompanhando os créditos até o finalzinho.

julho 15, 2008

"Desejo proibido"

(If these walls could talk 2, 2000 - Jane Anderson, Martha Coolidge e Anne Heche)
Produzido pela HBO Films, "Desejo proibido" conta três histórias de amor entre mulheres, intituladas pela época em que se passam ("1961", "1972" e "2000"). Cada parte tem elenco e direção distintos. Em comum, só a casa em que vivem as personagens. Apesar da imagem mais conhecida do filme ser a da capa acima, o episódio com Vanessa Redgrave (que levou o Emmy e o Globo de Ouro de atriz coadjuvante por essa atuação) é - para mim - o melhor. Ao retratar a dor de perder um amor no início da década de 1960, sem poder revelar sentimentos e lágrimas, a atriz dá um show de interpretação, tanto nas cenas de carinho (contracenando com Marian Seldes) como nas de indignação (com Paul Giamatti e Elizabeth Perkins). "1972" tem Michelle Williams (de "O segredo de Brokeback Mountain") e Chloe Sevigny (de "Brown Bunny" e "Meninos não choram") envolvidas com o feminismo xiíta dos anos 70 e o preconceito em torno das butches (mulheres que se vestem de forma mais masculina). Já o episódio final traz o dia-a-dia de Fran (Sharon Stone) e Kal (Ellen DeGeneres) às voltas com o desejo de uma gravidez e as peripécias para atingir esse objetivo. Conclusão? A primeira parte vale o filme.

julho 13, 2008

"Sex and the city - O filme"

(Sex and the city, 2008 - Michael Patrick King)
Devo ser o único habitante do planeta que nunca viu um episódio sequer da série americana que deu origem a esse filme. Pois foi assim, sem conhecer nenhuma das famosas personagens, que fui assistir à versão-tela-grande de "Sex and the city", que continua a retratar a trajetória das quatro amigas inseparáveis a partir do ponto em que a tv parou de contar. Carrie (Sarah Jessica Parker) é uma escritora bem sucedida que resolve entrar para o time das casadas. Samantha (Kim Cattrall) é a femme insaciável segurando a onda e os desejos em função de uma união pautada pela gratidão. Miranda (Cynthia Nixon) vê o casamento indo para o ralo, principalmente depois de uma traição confessada. E, por fim, Charlotte (Krinstin Davis), a única a ter um relacionamento feliz, apesar da frustração de não conseguir engravidar. As situações criadas para ligar as vidas dessas personagens são mesmo interessantes e prendem a atenção com boas tiradas de humor sutil e inteligente... até o momento que a Carrie sofre uma grande decepção no dia do casamento. A partir daí, o filme perde o ritmo e a classe, com piadinhas bobas e infames. Para a mulherada, o desfile de modelitos é, com certeza, um grande atrativo que vai até a cena final.

"Homem de Ferro"

(Iron Man, 2008 - Jon Favreau)
É interessante que, justamente numa ficção baseada nos quadrinhos da Marvel, Robert Downey Jr. tenha encontrado munição para construir um personagem bem verossímil, numa grande atuação, talvez a melhor do ator. Confesso que o Homem de Ferro nunca foi meu herói preferido, mas essa produção do Jon Favreau conseguiu engrandecê-lo, superando inclusive o desafio nada fácil de prender a atenção do público ao contar a origem do super-herói, haja vista que, nesse gênero, as pessoas querem mais é ver ação. Com certeza, o caráter ambíguo de Tony Stark - um jovem bilionário da indústria bélica, inventor genial, sempre cercado por belíssimas mulheres que ele trata como brinquedinhos descartáveis - é um prato cheio para que Downey explore as contradições morais do personagem. Preso por terroristas para construir uma poderosa arma nuclear durante a Guerra do Iraque, ele cria uma armadura-de-aço-voadora que, passa a usar, ironicamente, para combater o crime e as guerras que seu negócio sempre ajudou a alimentar. As cenas em que Stark está aperfeiçoando e testando as potencialidades do "uniforme" do Homem-de-Ferro são hilárias, com explosões, tombos e curtição por parte dos robôs-auxiliares. Jeff Bridges está bem como o vilão do filme, apesar do seu monstrengo pra lá de over nos instantes finais.

julho 11, 2008

"Wall-E"

(Wall-E, 2008 - Andrew Stanton)
Depois da recente e polêmica produção do diretor indiano M. Night Shyamalan ter abordado uma reação de auto-proteção da natureza para salvar o planeta da ação predatória do homem, eis que chegou às telas brasileiras, na semana passada, um outro longa que toca no assunto. Só que dessa vez, o mundo já está inabitável, sem uma forma de vida sequer. Mas sabe o que é mais interessante? O filme em questão é (mais) uma célebre animação da Pixar (isso mesmo, desenho animado), responsável por sucessos como “Toy Story”, “Monstros S/A”, “Procurando Nemo”, “Os Incríveis” e “Ratatouille”.
“Wall-E” começa com uma panorâmica do que parece ser uma grande metrópole com seus incontáveis e gigantescos arranha-céus. À medida que o plano vai-se fechando, percebemos que os edíficios são, na verdade, imensas torres de lixo. Em seguida, vemos um pequeno e solitário robô (que lembra o E.T. de Spielberg, com seus olhos grandes, pescoço longo e corpo compacto) , envolvido numa rotina diária de limpar a sujeira que os humanos acumularam na Terra, até esgotarem todos os recursos naturais e partirem numa viagem espacial a bordo da astronave Axioma, com o propósito de dar um tempo para o meio ambiente se recuperar e os robôs limparem tudo. Detalhe: já se passaram mais de 700 anos, nenhuma forma de vida foi detectada e Wall-E é a única máquina que ainda resiste.
Enquanto recolhe e compacta os entulhos, ele separa objetos que lhe parecem úteis ou trazem lúdicas lembranças, como isqueiros, lâmpadas, brinquedos, peças eletrônicas, etc. Mora numa espécie de conteiner, tem uma baratinha como amiga e adora assistir ao vídeo do musical “Alô, Dolly”, de 1969, com Barbra Streisand e Walter Matthau. É, o robozinho é de uma sensibilidade que vai divertir a criançada e encantar os marmanjos. E é essa sua rotina... até o dia em que uma nave pousa na cidade e deixa um moderníssimo robô-fêmea (Eva) com a missão de rastrear aquela região em busca de vida. Desconfiada e temperamental, ela vai cair nas graças de Wall-E. Juntos, eles irão protagonizar uma história de aventura, amor e descobertas que transformará a vida na Terra.
O que primeiro chama a atenção na nova animação da Pixar é a quase-ausência de diálogos. Nos primeiros 20 minutos, não há nenhum. E mesmo depois, eles se restrigem ao essencialmente necessário. Como no clássicos do cinema mudo, a interação surge em situações corriqueiras, que vão fazendo graça e arrancando risos à medida que desvendam o dia-a-dia dos personagens. É assim, por exemplo, quando o robozinho quase atropela sua baratinha de estimação ou quando Wall-E tenta fazer com que a superpoderosa (e igualmente desajeitada) Eva dê um giro em torno de si mesma, como fazem os dançarinos do seu musical preferido. Tanto silêncio numa produção inicialmente voltada para o público infantil parece ter sido uma decisão arriscada, mas - logo se percebe - perfeitamente sintonizada com a falta de comunicação e laços dos humanos do século XXIX, retratados como pessoas sedentárias, solitárias, que só se comunicam através dos meios eletrônicos, absurdamente influenciadas pela publicidade e muitíssimo consumistas. Qualquer semelhança com a atualidade não é mero acaso.
E o longa do diretor Andrew Stanton (o mesmo de “Procurando Nemo”) segue surpreendendo. É só ficar atento aos detalhes. Quando Wall-E assiste a “Alô, Dolly” pela primeira vez, o colorido do musical constrata com a monocromia do cenário daquele mundo desolado, onde predominam os tons terrosos do pó e da ferrugem. Já na astronvae onde “vegetam” os humanos, o set ilumina-se com as cores artificiais de uma existência fabricada. A trilha sonora - que conta com a participação do politicamente correto Peter Gabriel, compositor e intérprete da bela “Down to Earth” que encerra o desenho - também sinaliza que estamos diante de um produto diferente e diferenciado. Ao invés das costumeiras melodiazinhas melosas, ouvimos “La vie en rose” na voz de Louis Armstrong; duas ou três canções do já citado “Alô, Dolly”; e “Assim falou Zaratustra”, de Richard Strauss, em mais uma referência a “2001 – Uma odisséia no espaço”, sendo o robô que tenta controlar a Axioma a mais evidente delas. Por sua vez, as vozes de Wall-E e Eva remetem ao R2-D2 de “Guerra nas estrelas”.
Para a criançada, que não pega a maioria dessas alusões, fica uma linda história com foco no respeito à natureza e na ação transformadora da solidariedade, temas bastantes caros atualmente. Não fosse isso já suficiente, ainda há bastante diversão, que - na segunda metade do longa - fica a cargo das trapalhadas de Wall-E dentro da ultra-sofisticada nave espacial e dos amigos desajustados que ele encontra enquanto tenta escapar de uma perseguição. Por tudo isso e por tantas outras citações e cenas memoráveis (que eu deixo para você descobrir), o novo filme da Pixar é um marco da animação (e do cinema!). E já nasce com cara de clássico.

Quando o corpo pesa, a mente voa

Já imaginou um bom vivant, cercado de badalações e belas mulheres que, de uma hora para a outra, descobre-se com uma paralisia que só lhe permite mexer um olho? Complicado, não é? E se eu lhe disser que essa pessoa é real e ainda encontrou motivos para rir? Não acredita? Pois assista logo ao filme do Julian Schnabel que está em cartaz nos melhores cinemas do Brasil e você vai ver como a memória e a imaginação fizeram um escafandrista voar. Se quiser saber um pouquinho mais, clique aqui.

julho 04, 2008

O brilhante fim-dos-tempos da Pixar

Depois da recente e polêmica produção do diretor indiano M. Night Shyamalan ter abordado uma reação de auto-proteção da natureza para salvar o planeta da ação predatória do homem, eis que chegou às telas brasileiras, na semana passada, um outro longa que toca no assunto. É "Wall-E", a nova animação da Pixar, que faz referências a clássicos como “E.T”, “Guerra nas Estrelas” e “2001 - Uma odisséia no espaço” e já nasce com cara de clássico. Leia mais aqui.

"1958 - O ano em que o mundo descobriu o Brasil"

(idem, 2008 - José Carlos Asbeg)
A semana passada foi marcada pela comemoração dos 50 anos da conquista da primeira Copa do Mundo pelo Brasil. Não poderia, pois, haver programa mais apropriado do que assistir ao documentário do jornalista e (agora) cineasta José Carlos Asbeg. Mesmo não sendo um fã ardoroso do esporte, fiz questão de marcar presença (numa sessão com pouco público, diga-se de passagem): eu não seria louco de perder um filme que tem no elenco artistas como Garrincha, Didi, Pelé e Vavá (só para citar alguns) e que celebra o nascimento do futebol-arte, filho daquela que é considerada, quase unanimemente, a melhor seleção brasileira de todos os tempos.
“1958...” mostra como foi desatado o nó-na-garganta dos torcedores e jogadores daquela época. Depois de estar presente nas duas finais mundiais anteriores e sair como vice, o Brasil partia para a Suécia desacreditado, desconfiado, temeroso. Era o complexo de vira-latas, definido por Nelson Rodrigues como o sentimento de inferioridade que tomava conta do brasileiro quando entrava em contato com a força e a cultura dos países desenvolvidos. A expectativa era de que, mais uma vez, a seleção fosse amarelar na hora de decidir. O que se viu, no entanto, foi um time valente e criativo, com uma vontade ferrenha de trazer para casa o título inédito de melhor do mundo.
E aquele ano mostrava-se bem significativo: Juscelino Kubitschek era o presidente do crescimento e do progresso; a Brasília de Niemeyer e Lúcio Costa estava em construção; a música brasileira transformava-se com a cadência suave da Bossa Nova; e as bases do Cinema Novo - que ganharia o mundo em pouco tempo - já agitavam as idéias dos nossos cineastas. Tudo apontava para a verdadeira descoberta do Brasil. Mas seriam os pés dos brasileiros - com sua magia ao tocar uma bola - os primeiros a revelar aos quatro cantos a existência de uma grande nação verde-amarela ao sul do Equador.
Para falar do que significou erguer a Taça Jules Rimet em 29 de junho de 1958, o filme começa com as imagens da conquista (atenção para a abertura, com a câmera passeando por um painel cheio de autógrafos e recortes de jornais, que exaltam o baile que os jogadores-artistas deram nos seus adversários). Depois, recua no tempo, voltando a 1950, quando o Uruguai derrotou a seleção brasileira em pleno Maracanã, libertando o fantasma que assustaria o Brasil pelos próximos oito anos. Narrando toda a história, do descrédito ao triunfo, estão os protagonistas do espetáculo (claro!). São os depoimentos de Nilton Santos, Dino Sani, Mazzola, Zagallo, Zito, Moacir e Djalma Santos, entre outros, que conduzem o filme de Asbeg, ao som de uma trilha eclética que mistura valsa de Strauss com marchinha brasileira e pontua os muitos sentimentos provocados pelas lembranças emocionantes que vão surgindo ao longo dos seus 90 minutos de duração. E por falar em emoção, a cena em slow motion da caminhada do ‘príncipe’ Didi, do fundo de rede até o centro do gramado, com a bola debaixo do braço, após a Suécia ter inaugurado o marcador em Estocolmo, é espetacular: sua atitude serena consegue traduzir perfeitamente o peso da responsabilidade e a busca do equilíbrio que faria o time virar o placar.

Não bastassem todos os detalhes descritos por quem participou ativamente do enredo daquele mundial, o diretor (como bom jornalista) quis ouvir a versão dos derrotados e viajou para o exterior a fim de entrevistar jogadores de todos os times que o Brasil enfrentara: Áustria, Inglaterra, União Soviética, País de Gales, França e Suécia. E se você pensa que os depoimentos foram só ovação, está enganado. Há a queixa de um francês sobre o lance que tirou o zagueiro Robert Jonquet do jogo pela semifinal e deixou a França com um jogador a menos, uma vez que a substituição não era permitida. Outro bom momento - e, dessa vez, engraçado - é quando um jogador soviético conta sua reação após a derrota por 2x0: arremessou a chuteira contra o armário do vestuário, dizendo “Não jogo mais. O que jogamos não é futebol. Futebol é o que eles jogam”. Isso tudo por causa dos dribles desconcertantes do genial Mané Garrincha, que ignorou a marcação dos russos e executou jogadas memoráveis que entraram para os anais do futebol e não saem da memória de quem as viu (ou está vendo agora).
Revezando imagens das partidas e dos entrevistados (também foram ouvidos jornalistas e dirigentes de então), Asbeg constrói um filme didático, em que o público acompanha os detalhes de cada jogo, na sequência em que eles aconteceram mesmo. E isso não é defeito - que fique claro - pois até ajuda o cinéfilo que não é apaixonado por futebol a compreender a grandiosidade do que ocorreu naquela copa do mundo. Na verdade, bem mais do que recuperar uma história de chutes e gols, “1958...” conta uma epopéia de transformações. Afinal, não se pode esquecer que aqueles craques partiram do Brasil como “vira-latas” e regressaram como heróis.
Em tempo: muito tem-se falado sobre a ausência de depoimentos de Pelé no longa de estréia de José Carlos Asbeg. Se a questão foi de agenda ou de cachê, não importa. As imagens do garoto de 17 anos demonstram muito bem o talento que o mundo passaria a conferir e idolatrar a partir dali. E falam por si.