Uma festa, poucas palavras e muito desejo num quarto de motel. Totalmente estranhos um ao outro (e até por isso mesmo), eles começam a falar de suas vidas, revelando medos e segredos, contando piadas e idealizando sonhos. Entre uma transa e outra, os desconhecidos vão descobrindo afinidades (ou será que elas só aparecem porque aquela fantasia irá acabar quando pagarem a conta?). Guardadas as devidas proporções, "Na cama" é o "Antes do pôr-do-sol" latinoamericano. Repleto de diálogos inteligentes e com atuações muito boas de Blanca Lewin e Gonzalo Valenzuela, o longa chileno faz um mergulho na solidão e revela personagens tão carentes e encantadores que nos faz torcer por um final feliz (por mais absurdo que isso possa parecer).
junho 05, 2007
junho 04, 2007
"Diamante de sangue"
Fim dos anos 1990, guerra civil em Serra Leoa. Salomon (Djimon Hounson) é separado da esposa e filhos e levado como "escravo" a um campo de mineração de diamantes. Encontra uma imensa pedra cor-de-rosa e a esconde, no exato momento em que o governo ataca os rebeldes. Ele é preso e a história do diamante encontrado chega aos ouvidos do mercenário Danny Archer (Leo DiCaprio), que propõe tirá-lo da prisão e ajudá-lo a reencontrar sua família. Muito corre-corre, tiros e explosões no meio da miséria e das desigualdades africanas. Não fosse pelo final redentor, seria um filme bem coerente.
junho 03, 2007
"Homem-Aranha 3"
Superprodução de efeitos especiais extraordinários que traz o Homem-Aranha enfrentando dois novos vilões (Homem-Areia e Venom), a ira do filho do Duende Verde (cuja sequência de duelo com o super-herói das teias logo no início da projeção é, de longe, a melhor do filme) e o lado sombrio da vingança peterparkeriana (o uniforme negro nos apresenta uma outra personalidade do Aranha). Tudo parece perfeito para o sucesso (e, comercialmente, as bilheterias confirmam isso), mas a terceira parte da trilogia aracnídea consegue ser apenas um quase bom filme.
"Babel"
Um tiro ingenuamente disparado no alto das montanhas atinge uma turista americana que viaja pelo Marrocos com o esposo, levantando a possibilidade de uma ação terrorista. Num local sem recursos, o ferimento - aparentemente simples - retarda a volta do casal para casa, onde uma empregada mexicana havia ficado cuidando das crianças. A doméstica, que vive de forma ilegal nos Estados Unidos, se vê diante de um impasse: tem de atravessar a fronteira para o casamento do seu filho, mas não contava com o não-retorno dos patrões: levar ou não levar "los niños", eis a questão. As investigações indicam que o tiro foi disparado de um rifle cujo dono mora em Tóquio e tem uma filha adolescente surda-muda cheia de conflitos e traumas. Bem por alto, essa é sinopse de Babel (título interessante porque, a exemplo do aconteceu na torre bíblica, existe um problema de comunicação entre os personagens: independentemente do idioma falado, eles não conseguem se entender). Não achei o filme o "horror" que tantos pintaram. Mas é óbvio que o roteiro já não guarda o frescor das produções anteriores do diretor, como "Amores brutos" e "21 gramas". O recurso de uma história se entrelaçando com a outra já não surpreende tanto (sem falar que a parte da japonesinha problemática não consegue se colar ao restante da obra). Brad Pitt, Cate Blanchett e Gael García Bernal estão muito bem, mas quem rouba a cena é a atriz Adriana Barraza (sua interpretação da "housecleaner" clandestina rendeu-lhe uma indicação ao Oscar de atriz coadjuvante).
"Zodíaco"
Califórnia, final da década de 1960. Casal de namorados é morto na beira de uma estrada. Alguns dias depois, o assassino escreve para os jornais revelando detalhes do crime e exigindo a publicação de uma carta cifrada, sob a pena de fazer novas vítimas. A imprensa cede e, mesmo assim, as mortes continuam. Apesar de chegar a alguns nomes, a polícia não consegue levantar provas. E é o cartunista de um dos jornais, vivido por Jake Gyllenhaal, obcecado por aquele mistério desde o início, quem tenta desvendar o enigma quando o caso é abandonado. A direção de Fincher merece elogios, mas a montagem poderia ter deixado o filme mais instigante e ágil, deletando ou enxugando algumas cenas. Com exceção da sequência inicial - um exemplo de suspense bem feito - que consegue mexer com os nervos do público, todo o resto não envolve. O roteiro não consegue instigar, não é construído de maneira a transformar quem assiste à película num investigador. E para um suspense policial, isso só leva a uma conclusão: frustração.
"O amor não tira férias"
Kate Winslet e Cameron Diaz vivem duas mulheres com desilusões amorosas que, através da internet descobrem um site de intercâmbio de casas e resolvem mudar de ares. E cada uma delas acaba conhecendo o "causador da infelicidade" da outra. Poderá o "traste" de uma relação tornar-se o "príncipe" de outra? O cartaz do filme já entrega essa charada. Nancy Meyers - que me fez rolar de rir em "Alguém tem de ceder" - entrega aqui um filme vazio, simplista e bobo. Um desperdício de elenco, que ainda conta com as presenças de Jude Law e Jack Black.
Assinar:
Postagens (Atom)