junho 05, 2007

"Na cama"

(En la cama, 2005 - Matías Bize)
Uma festa, poucas palavras e muito desejo num quarto de motel. Totalmente estranhos um ao outro (e até por isso mesmo), eles começam a falar de suas vidas, revelando medos e segredos, contando piadas e idealizando sonhos. Entre uma transa e outra, os desconhecidos vão descobrindo afinidades (ou será que elas só aparecem porque aquela fantasia irá acabar quando pagarem a conta?). Guardadas as devidas proporções, "Na cama" é o "Antes do pôr-do-sol" latinoamericano. Repleto de diálogos inteligentes e com atuações muito boas de Blanca Lewin e Gonzalo Valenzuela, o longa chileno faz um mergulho na solidão e revela personagens tão carentes e encantadores que nos faz torcer por um final feliz (por mais absurdo que isso possa parecer).

junho 04, 2007

"Diamante de sangue"

(Blood diamond, 2006 - Edward Zwick)
Fim dos anos 1990, guerra civil em Serra Leoa. Salomon (Djimon Hounson) é separado da esposa e filhos e levado como "escravo" a um campo de mineração de diamantes. Encontra uma imensa pedra cor-de-rosa e a esconde, no exato momento em que o governo ataca os rebeldes. Ele é preso e a história do diamante encontrado chega aos ouvidos do mercenário Danny Archer (Leo DiCaprio), que propõe tirá-lo da prisão e ajudá-lo a reencontrar sua família. Muito corre-corre, tiros e explosões no meio da miséria e das desigualdades africanas. Não fosse pelo final redentor, seria um filme bem coerente.

junho 03, 2007

"Homem-Aranha 3"

(Spider-Man 3, 2007 - Sam Raimi)
Superprodução de efeitos especiais extraordinários que traz o Homem-Aranha enfrentando dois novos vilões (Homem-Areia e Venom), a ira do filho do Duende Verde (cuja sequência de duelo com o super-herói das teias logo no início da projeção é, de longe, a melhor do filme) e o lado sombrio da vingança peterparkeriana (o uniforme negro nos apresenta uma outra personalidade do Aranha). Tudo parece perfeito para o sucesso (e, comercialmente, as bilheterias confirmam isso), mas a terceira parte da trilogia aracnídea consegue ser apenas um quase bom filme.

"Babel"

(Babel, 2006 - Alejandro González-Iñárritu)
Um tiro ingenuamente disparado no alto das montanhas atinge uma turista americana que viaja pelo Marrocos com o esposo, levantando a possibilidade de uma ação terrorista. Num local sem recursos, o ferimento - aparentemente simples - retarda a volta do casal para casa, onde uma empregada mexicana havia ficado cuidando das crianças. A doméstica, que vive de forma ilegal nos Estados Unidos, se vê diante de um impasse: tem de atravessar a fronteira para o casamento do seu filho, mas não contava com o não-retorno dos patrões: levar ou não levar "los niños", eis a questão. As investigações indicam que o tiro foi disparado de um rifle cujo dono mora em Tóquio e tem uma filha adolescente surda-muda cheia de conflitos e traumas. Bem por alto, essa é sinopse de Babel (título interessante porque, a exemplo do aconteceu na torre bíblica, existe um problema de comunicação entre os personagens: independentemente do idioma falado, eles não conseguem se entender). Não achei o filme o "horror" que tantos pintaram. Mas é óbvio que o roteiro já não guarda o frescor das produções anteriores do diretor, como "Amores brutos" e "21 gramas". O recurso de uma história se entrelaçando com a outra já não surpreende tanto (sem falar que a parte da japonesinha problemática não consegue se colar ao restante da obra). Brad Pitt, Cate Blanchett e Gael García Bernal estão muito bem, mas quem rouba a cena é a atriz Adriana Barraza (sua interpretação da "housecleaner" clandestina rendeu-lhe uma indicação ao Oscar de atriz coadjuvante).

"Zodíaco"

(Zodiac, 2007 - David Fincher)
Califórnia, final da década de 1960. Casal de namorados é morto na beira de uma estrada. Alguns dias depois, o assassino escreve para os jornais revelando detalhes do crime e exigindo a publicação de uma carta cifrada, sob a pena de fazer novas vítimas. A imprensa cede e, mesmo assim, as mortes continuam. Apesar de chegar a alguns nomes, a polícia não consegue levantar provas. E é o cartunista de um dos jornais, vivido por Jake Gyllenhaal, obcecado por aquele mistério desde o início, quem tenta desvendar o enigma quando o caso é abandonado. A direção de Fincher merece elogios, mas a montagem poderia ter  deixado o filme mais instigante e ágil, deletando ou enxugando algumas cenas. Com exceção da sequência inicial - um exemplo de suspense bem feito - que consegue mexer com os nervos do público, todo o resto não envolve. O roteiro não consegue instigar, não é construído de maneira a transformar quem assiste à película num investigador. E para um suspense policial, isso só leva a uma conclusão: frustração.

"O amor não tira férias"

(The holiday, 2006 - Nancy Meyers)
Kate Winslet e Cameron Diaz vivem duas mulheres com desilusões amorosas que, através da internet descobrem um site de intercâmbio de casas e resolvem mudar de ares. E cada uma delas acaba conhecendo o "causador da infelicidade" da outra. Poderá o "traste" de uma relação tornar-se o "príncipe" de outra? O cartaz do filme já entrega essa charada. Nancy Meyers - que me fez rolar de rir em "Alguém tem de ceder" - entrega aqui um filme vazio, simplista e bobo. Um desperdício de elenco, que ainda conta com as presenças de Jude Law e Jack Black.