
Esta estória que o diretor costumava contar para a filha e decidiu transformar em cinema é fantástica, tanto pela idéia quanto pela execução. Dar a uma menina - que mora nas águas de uma piscina de um condomínio de classe média - a missão de encontrar um escritor cujas idéias vão salvar o mundo é uma mistura de ousadia e coragem: se o expectador não mergulhar de cabeça nesse conto de fadas, não há como prendê-lo na cadeira até o final da projeção. Mas Shyamalan consegue. Com Paul Giamatti liderando um elenco afiadíssimo (sem exceção), “A dama na água” encanta com sua simbologia, desde a animação inicial até o desfecho arrebatador. Se a presença do diretor com um papel de destaque na trama (ao contrário de suas aparições hitchcockianas nas películas anteriores) irritou a crítica, a mim causou deleite: adorei a pretensa superioridade que ele permitiu a si mesmo. Não posso dar mais detalhes sob o risco de entregar uma grande surpresa. Ah, e a caracterização do personagem que interpreta o crítico literário é soberba e igualmente hilária. Somando-se todos os detalhes desta fábula, chega-se à conclusão óbvia: estamos diante de um grande filme de um grande diretor.