fevereiro 27, 2008

"Na natureza selvagem"

(Into the wild, 2007 - Sean Penn)
Alguém poderia tentar me explicar por que esse filme foi tão esnobado pela Academia? A saga do jovem Chris (Emile Hirsch numa atuação cativante) em busca de valores e sentimentos que não encontra em casa é um soco no estômago de uma sociedade materialista, fria e dissimulada como a nossa. E o fato da atitute do rapaz ser bem radical (ir para o Alasca sem avisar a ninguém, simplesmente desaparecendo) nos dá a dimensão da sua solidão e deslocamento. Numa montagem (indicada ao Oscar) cheia de idas e vindas, acompanhamos as possíveis razões do afastamento e os grandes encontros que vão acontecendo pelo caminho do andarilho, todos fabulosos, seja pelo conteúdo dos diálogos ou pela atuação dos coadjuvantes, com destaque para Catherine Keener (a hippie), Vince Vaughn (o fazendeiro), Hal Holbrook (indicado ao Oscar de coadjuvante pelo papel do viúvo solitário), Marcia Gay Harden e William Hurt (pais do protagonista). Sean Penn - que assina roteiro e direção - fez um trabalho fabuloso com todo o elenco, que transborda emoção em cada cena com a mesma intensidade com que a natureza se revela ao longo da projeção. E o que dizer da trilha sonora? Ela literalmente nos faz mergulhar na essência da história e nos segura na poltrona até que o último crédito desapareça da tela. "Na natureza selvagem" é para ser visto e revisto e revisto e revisto e...

4 comentários:

Fer Guimaraes Rosa disse...

nao vi esse filme no cinema por pura preguica, pois ele ficou um tempao em cartaz no nosso cineminha anos 50. mas ja coloquei ele no topo da minha lista no netflix. um beijo, Demas!

Ademar de Queiroz (Demas) disse...

Fer,
esse filme estreou em Sampa na sexta passada e só o vi ontem. Se tivesse assistido antes das indicações ao Oscar, teria feito um manifesto contra sua não-inclusão nas categorias principais, rs. Será que a Academia continua vendo o Sean Penn como apenas um "bad boy"? De qualquer maneira, veja assim que puder. Eu vou ver outra vez.
Beijo

LuisElMau disse...

não gostei assim tanto do filme. não li o livro mas fiquei com a certeza de que o livro deve ser muito melhor.
fiquei com a sensação que o Sean Penn se perdeu um pouco. o filme tem muitos altos e baixos, acaba por não explorar realmente nenhuma das personagens e tem videoclips demais da música do Eddy Vedder, que sinceramente não me surprendeu nada. do meu ponto de vista vale pelas paisagens e pela mensagem, essa sim de muito valor. A felicidade só existe se for partilhada.

Um Abraço.

Ademar de Queiroz (Demas) disse...

Luis,
o filme me tocou muito. É verdade que não há um mergulho de fato na alma dos personagens, para entender o presente em que vivem. Mas isso não chega a ser um defeito para mim: mostra que - não importa como/onde/com quem se viva - a solidão, a frustração e os problemas estão sempre rondando. Não é só na "família de fachada" do protagonista que o silêncio e o caos tomam conta. O isolamento era primordial para entender isso. O problema que aquilo durou mais do que corpo e mente poderiam suportar. Quanto às canções, basta ver aí do lado o que ando ouvindo para o quanto elas me falaram. São personagens também.
Um abração e obrigado pela visita