abril 25, 2006

"A casa dos bebês"

(La casa de los babys, 2003 - John Sayles)
País da América do Sul. Um programa governamental disponibiliza crianças para adoção por pais estrangeiros. Seis mulheres norte-americanas inscrevem-se e aguardam, num mesmo hotel, a decisão judicial que irá realizar seus sonhos de maternidade. A espera, no entanto, nos revela as tragédias pessoais (alcoolismo, abortos, casamento em crise, solidão e infertilidade) e um pouco do caráter de cada uma delas. A partir disso, o espectador vai começar a torcer para que essa ou aquela "ganhe" logo seu bebê. Fora do hotel, a realidade das ruas mostra crianças abandonadas envolvidas com pequenos furtos, cola, fome, serviços em sinais, malabares... Em torno do poder econômico que permite que os gringos comprem até mesmo "crianças", levanta-se vez ou outra uma discussão sobre os infortúnios da globalização. Ao misturar todas essas situações e entregá-las a um elenco entrosado, Sayles consegue fazer um filme simples na forma e riquíssimo na caracterização da natureza humana. Numa das cenas mais tocantes, uma das gringas relata à camareira o que ela imagina fazer num dia de neve com sua filha; a serviçal, por sua vez, conta seu drama e revela um desejo. A cena final é interessantíssima e bem coerente com a maneira imparcial com que o diretor e roteirista optou por contar sua história.

2 comentários:

Anônimo disse...

A primeira vez que fui ao Cine Cultura foi para assistir a esse filme. Apesar de pequena, gostei da sala. E gostei do filme. A cena que citou também é uma das minhas favoritas. O toque de gênio é fazer cada personagem falar no seu idioma e se entenderem perfeitamente. Bem bom.

Ademar de Queiroz (Demas) disse...

Valdeir, sou freqüentador do Cine Cultura desde "nem sei quando", faz muito tempo que assisto a filmes lá. E devo muito da minha cultura cinematográfica àquela sala, onde vi tanta coisa bacana, numa época em que Goiânia não tinha mostras nem outras salas que investiam num cinema menos comercial. Mas "A casa dos bebês" eu perdi na telona, e não me lembrava de ter sido exibido no Cultura. Será que eu estava fora da cidade? Abração.