maio 03, 2006

"Irmãos"

(Son frère, 2003 - Patrice Chéreau)
Thomas e Luc são irmãos que não se vêem há anos. E a distância não é apenas geográfica. Mas uma doença rara, misteriosa e praticamente incurável vai forçar a reaproximação. Ao buscar a ajuda do irmão mais novo, Thomas mexe em feridas antigas. Aos poucos, mesmo mergulhados em muita dor e desesperança, eles vão (re)encontrando um afeto que parecia nunca ter existido. "Irmãos" é um filme igualmente triste e belo. É triste porque o roteiro não faz concessões: os perdões não preenchem ausências, não voltam as horas, não resgatam o passado. E é belo porque assim é toda entrega e toda (re)descoberta de amor, de carinho, de cuidado, de confiança. O que é construído a partir daquele encontro não recupera o tempo perdido, mas traz à tona sentimentos que fazem valer a pena cada segundo dali para a frente. Ao quebrar a ordem cronológica dos acontecimentos, misturando presente e futuro, o diretor parece querer enfatizar as transformações que a convivência provoca nos irmãos, entregando - sem problemas - a evolução da doença de Thomas. Assim, vemos primeiro uma cicatriz para depois sabermos da indicação de uma cirurgia. Outra coisa interessante é que, só na parte final do filme, me dei conta de que até aquele momento - em que a voz de Marianne Faithfull invande a cena com a canção "Sleep" - o diretor não tinha usado música alguma: criar uma trilha para sublinhar emoções tão intensas parecia mesmo desnecessário. É preciso registrar ainda as atuações excepcionais dos atores Bruno Todeschini e Eric Caravaca.

6 comentários:

CHICO FIREMAN disse...

É um belo filme mesmo.

Anônimo disse...

Oi Demas, seu blog é muito bacana, cara. Textos precisos e atualização frequente. Assista à "A lula e a baleia" sim. Um abraço!

gonn1000 disse...

Também gostei, mas há cenas quase insuportáveis, de tão melancólicas.

Ademar de Queiroz (Demas) disse...

À turma do Blogstars, um muito obrigado pelo convite. Valeu!

Chico, fui assistir esperando muito e ganhei mais. Acho ótimo quando isso acontece. Abração

Eduardo, obrigado pela visita e pela força. Volte mais. E pode ter certeza: assim que "A lula e a baleia" chegar por aqui, vou ver. Abração.

Gonn, mas o filme não seria o que é sem aquelas cenas. Abração.

Michel Simões disse...

É um belo filme mesmo, num estilo bem diferente do outro filme do Chereau que vi, A Rainha Margot!

Ademar de Queiroz (Demas) disse...

Mas as qualidades dos dois filmes mostram que Chéreau sabe o que faz. Em comum, lembro-me agora que temos, aqui e em "A Rainha Margot", personagens com hemorragias, né? hehehehe. Abração, Michel.