"Caché" já começa magnífico: câmera parada mostra a frente de uma casa por vários minutos. Quando a impaciência dá sinal de aparecer, damo-nos conta de que estamos compartilhando com os donos da casa filmada aquelas mesmas imagens, uma vez que eles estão assistindo a uma fita que receberam anonimamente. O que - num primeiro momento - parece uma brincadeira, começa a preocupar a partir do instante em que uma outra fita, registrando a mesma cena, chega acompanhada de um desenho macabro. A vida pacata do casal começa estremecer. Não entendem o que aquilo quer dizer, mas sentem-se ameaçados, temem por si e pelo filho. Para desvendar o mistério, não poderão contar com a polícia francesa, visto que o fato de receberem fitas com aquele conteúdo não constitui crime algum. O esposo mostra-se cada dia mais perturbado e distante, como se escondesse algo, o que deixa a esposa intrigada, frustrada, decepcionada. Fica nítido que a relação deles não vai bem: nunca os vemos trocar palavras de conforto, um abraço, um carinho sequer. Haneke filma um grande suspense a partir de um drama. Bastam alguns minutos de projeção para que sejamos fisgados pela trama que envolve culpa, mentira, desconfiança e medo. Dali até o final, olhos e ouvidos atentos a todo e qualquer movimento ou barulho. Inicialmente, somos cúmplices da agonia daquela família; depois, já somos detetives sedentos de justiça. Por não entregar respostas fáceis, o filme tem seus detratores entre as pessoas que entram na sala esperando tudo mastigadinho. Mas a grandeza de "Caché" ("escondido" em francês) encontra-se exatamente no que não é revelado com todas as letras. Está tudo lá (o passado do protagonista, o casamento frio, o pré-adolescente rebelde, a culpa, a falta de confiança, a xenofobia...) formando um mosaico interessante - mas assustador - da natureza humana. Em tempo: Juliette Binoche e Daniel Auteuil estão brilhantes, em atuações dignas de todos os créditos.
6 comentários:
vou adicionar na minha lista! :-)
beijos,
Caché, filme do ano!!!
Vim agradecer a visita e dizer que, a partir de agora, não vou mais ao cinema sem antes vir aqui. Beijo, Demas. Ótimo fim de semana pra vc!!!!
Fer,
adicione e veja o mais rápido possível.
Beijo.
Michel,
é um dos melhores, com certeza.
Haneke me conquista mais a cada filme, viu?
Abração.
Wallace,
seja como for, não deixe de ver.
Abração.
A honra da visita é toda minha, Dona Gérbera. Volte quando quiser e obrigado pela forçã.
Beijo.
E bom final de semana pra você também.
Preciso ver!
Roger,
veja assim que puder. Haneke está se tornando um dos meus diretores preferidos.
Abração.
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