fevereiro 21, 2006

"Memória de quem fica"

(18-j, 2004 – Daniel Burman, Adrián Caetano, Lucía Cedrón,
Alejandro Doria, Alberto Lecchi, Marcelo Schapces, Carlos Sorin,
Juan Bautista Stagnaro, Adrián Suar & Mauricio Wainrot)

O filme reúne 10 cineastas argentinos para expressar suas visões sobre o atentado à Associação Israelita Argentina, ocorrido em 18 de julho de 1994, um dia após a conquista do tetracampeonato brasileiro na Copa dos Estados Unidos. Como narra Norma Aleandro bem no início, a proposta dos diretores é não deixar que o povo se esqueca dessa tragédia que, 10 anos depois, continua sem culpados, sem solução... Cada um retrata o incidente à sua maneira, ora em tom de documentário, ora de pura ficção; às vezes em silêncio, às vezes embalado por árias. Longe de serem repetitivas, as histórias vão-se somando para revelar todas as faces do acontecido. Não me lembro direito de quem dirigiu o quê, mas adoro o primeiro episódio (com os estilhaços da explosão voando sobre vários cenários); de um outro em tom mais documental que ouve os relatos de alguns portenhos sobre a mudança que aquele 18 de julho causou em suas vidas; outro que mostra a agonia de uma mãe no interior da Argentina aguardando notícias do filho na capital; outro sobre um tio que chega de surpresa a Buenos Aires para a cerimônia de circuncisão do sobrinho; e ainda um outro que mostra uma mulher contando o que fazia no dia do atentado e sua angústia com todas as tramóias seguintes para ocultar provas, arrastar o processo e não punir ninguém. "Memória de quem fica" é mais um título da boa fase do cinema portenho.

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